Conheça o lançamento do antropólogo James Suzman

Vestígio - Publicado na categoria Dicas de leitura em 22/08/2022


Muitas vezes subestimamos o quanto nossas convicções e atitudes são influenciadas por invenções culturais, e acredite, isso é particularmente verdadeiro quando tratamos do tema trabalho. Na sociedade atual, a atividade que realizamos define quem somos, molda nossos valores, determina nossas perspectivas e domina a nossa vida. Trabalhamos para viver e vivemos para trabalhar, encontrando sentido, satisfação e status no desempenho de uma determinada função.

Em seu novo livro, James Suzman traça uma linha do tempo para nos explicar que a maneira como pensamos o trabalho atualmente tem suas raízes na Revolução Agrícola, que ocorreu há apenas 12 mil anos. O fato é que o Homo sapiens passou a maior parte de seus 300 mil anos de história como caçador-coletor e, portanto, algo tão recente como o sedentarismo não poderia explicar por si só as transformações mais profundas em relação ao tema. A partir da Revolução Industrial, no entanto, os paradigmas mudam drasticamente.

Hoje, a dedicação ao trabalho e a gestão da rotina deixam pouco ou nenhum espaço para o lazer e fazem do ofício a meta de toda existência. Assim, o homem, que deveria ter conquistado sua liberdade com tantos recursos disponíveis, se encontra enredado em um mundo de excessos que não atende mais às suas necessidades.

O autor estudou os Khoisan – um povo do sul da África que ainda segue o estilo caçador-coletor e que tem uma relação completamente diferente com a natureza e com a dinâmica de atividades que visam subsistência – e aponta um paradoxo: eles tendem a viver em um mundo de abundância compartilhada e trabalho limitado, enquanto a sociedade moderna vive em um mundo de longas horas de trabalho, apesar de contar com uma maior abundância de recursos. Suzman também aponta que estamos em um momento transformador e mostra como a automação pode revolucionar nossa relação com o trabalho para inaugurarmos um futuro mais sustentável.


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“Uma exploração fascinante que desafia nossas premissas básicas do que o trabalho significa.”
Yuval Noah Harari, autor de Sapiens

Conheça este e outros títulos do autor.

Trecho do livro:

“Mas o horário de trabalho não diminuiu conforme o previsto por Keynes. Na verdade, apesar da produtividade do trabalho nas nações industrializadas ter aumentado aproximadamente quatro ou cinco vezes desde o final da Segunda Guerra Mundial, a média de horas de trabalho semanal em todos os lugares continuou a se elevar a uma média de pouco menos de quarenta horas por semana, teimosamente permanecendo estacionada nesse patamar.
Os economistas vêm há muito debatendo por qual razão as horas de trabalho permaneceram tão altas, mas a maioria concorda que uma parte da resposta se reflete na história do que continua sendo a marca de cereais mais vendida no mundo.”

Leia o capítulo na íntegra.

Sobre o autor



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James Suzman é um antropólogo sul-africano especializado nos povos nômades e coletores da África. É diretor da Anthropos Ltd., um think tank que utiliza os métodos antropológicos na resolução de problemas econômicos e sociais contemporâneos. Atualmente, vive em Cambridge, na Inglaterra.

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