Caso do Assassino do Golden State: ex-policial Joseph James DeAngelo é preso

CBS News - Publicado na categoria Resenhas & Trechos em 18/09/2018


por Crimesider Staff CBS
Tradução Nilce Xavier

SACRAMENTO, Califórnia
Um ex-policial é o suspeito de ser o serial killer fugitivo acusado de cometer, no mínimo, 12 homicídios, 45 estupros e dezenas de invasões domiciliares na Califórnia nas décadas de 1970 e 1980, anunciaram as autoridades nesta quarta-feira. Joseph James DeAngelo, 72, foi detido na terça-feira, revelou Scott Jones, xerife do condado de Sacramento.

DeAngelo passou a noite na prisão de Sacramento e não teve direito a fiança. O FBI afirma que uma equipe está coletando evidências em uma área residencial ligada ao suspeito.

Apesar da enxurrada de milhares de pistas ao longo dos anos, o nome dele não apareceu no radar da polícia até semana passada, declarou a procuradora pública do condado de Sacramento, Anne Marie Schubert.

“Sabíamos que estávamos procurando uma agulha no palheiro, mas também sabíamos que ela estava lá”, disse Schubert. “E encontramos a agulha bem aqui em Sacramento.”

Nos últimos seis dias, as análises de DNA feitas no laboratório de criminalística trouxeram avanços para o caso, e um mandado foi expedido em nome de DeAngelo por dois assassinatos cometidos em 1978 em Sacramento, explicou Schubert. Ela ainda acrescenta que a “resposta sempre esteve no DNA”, e a conexão foi estabelecida com os assassinatos de Brian e Katie Maggiore.

Schubert avalia que o caso mudou para sempre uma época de inocência na comunidade.
“Para quem viveu aqui nessa vizinhança em Sacramento, as lembranças ainda estão muito vivas”, afirma. “Pode perguntar a qualquer um que cresceu aqui – todos têm alguma história para contar.”
Incontáveis vítimas esperam há décadas por justiça, completa.

Jones revela que DeAngelo trabalhou como agente policial na Califórnia em dois departamentos diferentes: em Exeter, de 1973 a 1976, e em Auburn, de 1976 a 1979, quando foi demitido. A dispensa aconteceu após ele ser detido por roubar uma lata de repelente para cachorro e um martelo em uma drogaria, de acordo com artigos publicados na época pelo jornal de Auburn.

Segundo Jones, acredita-se que DeAngelo cometeu os crimes no período em que estava empregado nos departamentos, mas as autoridades ainda estão tentando descobrir se ele cometeu algum dos ataques em horário de serviço. Em um comunicado, o Departamento de Polícia de Auburn confirmou sua contratação e posterior exoneração e expressou o compromisso de apoiar o processo.

“Enviaremos todos os esforços para ajudar nossos colegas das forças policiais da região de Sacramento nesse caso histórico e hediondo”, assegurava o comunicado.

Jones contou que os agentes estavam vigiando DeAngelo e usaram um item descartado para conduzir a análise de DNA que o ligou à série de crimes. Ele disse que os agentes obtiveram informações sobre sua rotina e articularam um plano para aguardá-lo e levá-lo sob custódia quando saísse de casa.
“Ele se mostrou muito surpreso quando foi abordado”, comentou Jones.

E ainda revela que DeAngelo tem filhos adultos, mas não fez nenhum comentário sobre a família. E acrescenta que as autoridades interrogaram os familiares e que a prisão foi “um grande choque” para eles.

Nancy O’Malley, procuradora pública do condado de Alameda, explica que, além das amostras de DNA, os agentes também analisaram o modus operandi para ligar DeAngelo aos estupros, assassinatos e roubos. Seus crimes alcançaram 10 condados diferentes da Califórnia, Schubert revelou.

Gregory Totten, procurador público do condado de Ventura, indiciou DeAngelo por duas acusações de homicídios ocorridos em março de 1980 no condado: as mortes de Lyman e Charlene Smith. As acusações incluem agravantes de homicídios múltiplos e estupro e invasão domiciliar seguidos de assassinato.

Totten diz que os procuradores vão pedir a pena de morte contra o ex-policial. E acrescenta que a onda de crimes “literalmente encheu de terror” o coração dos moradores da região.
“Nós vamos, pela graça de Deus, fazer esse homem pagar por todos os seus crimes”, completa.

O procurador público do condado de Orange, Tony Rackauckus, diz que DeAngelo foi acusado no condado pelas mortes de Keith e Patrice Harrington, ocorridas em 1980, e pelos assassinatos de Manuela Witthuhn, em 1981, e Janelle Cruz, em 1986.

“Quem cometeu esses crimes terríveis? A pergunta que nos assombrou durante tantos anos foi finalmente respondida”, celebra Rackauckus.

Bruce Harrington, irmão das vítimas Keith e Patrice Harrington, que foram espancados até a morte em sua casa em Dana Point, elogiou o comprometimento das forças policiais em solucionar a “perturbadora” onda de crimes.

“Podemos dormir tranquilos à noite, sabendo que ele não vai entrar pela janela”, conclui. “Ele está na cadeia e agora é passado.”

Jane Carson-Sandler, que em 1976 foi agredida sexualmente por um homem que se acredita ser o chamado “Estuprador da Área Leste”, conta que na quarta-feira recebeu um e-mail de um detetive aposentado, que trabalhou no caso, contando-lhe sobre a prisão.

“Eu fiquei simplesmente eufórica, em êxtase. No momento, estou em uma montanha-russa de emoções”, desabafou Carson-Sandler, que atualmente vive nos arredores de Hilton Head, na Carolina do Sul, durante uma entrevista por telefone para a The Associated Press. “Sinto como se estivesse no meio de um sonho e que a qualquer momento vou acordar e descobrir que não é verdade. É tão bom saber que tudo está acabado e que ele está preso.”

O programa 48 Hours investigou o caso no episódio “O Assassino do Golden State”. Michelle McNamara, a falecida jornalista investigativa de crimes verídicos e esposa do comediante Patton Oswalt, estava à caça do assassino e escrevia um livro sobre o caso quando morreu em 21 de abril de 2016. O programa transmitiu a primeira entrevista detalhada que Oswalt concedeu à TV falando da cobertura de sua esposa sobre o caso. O livro, Eu terei sumido na escuridão, foi publicado em fevereiro.

Jones alega que respondeu a perguntas recebidas “de todos os cantos do mundo” sobre o livro, mas ressalta que não foi a obra que levou à captura do criminoso.
“O livro manteve aceso o interesse do público e trouxe pistas, mas, fora isso, não houve informações que foram extraídas do livro e que resultaram na prisão”, ele diz.

Como cometeu crimes por todo o estado, as autoridades se referiam ao agressor de maneiras diferentes. Foi chamado de Estuprador da Área Leste após sua aparição no norte da Califórnia, de Original Night Stalker, após uma série de mortes mais ao sul do estado, e Assassino do Diamond Knot, ao usar um elaborado método para atar duas de suas vítimas. Mais recentemente chamado de Assassino do Golden State, DeAngelo foi ligado a dezenas de crimes graças a amostras de DNA e outras evidências.

O facínora que aterrorizou comunidades inteiras invadia a casa de mulheres solteiras ou de casais enquanto as vítimas dormiam. Mascarado e portando uma arma de fogo, ele às vezes amarrava o homem e equilibrava pratos sobre suas costas, então estuprava a mulher enquanto ameaçava matar a ambos se os pratos caíssem.

Também costumava levar moedas e joias como souvenirs das vítimas, cuja faixa etária variava de 13 a 41 anos.

As autoridades decidiram reabrir o caso novamente em 2016, às vésperas do 40º aniversário do primeiro ataque oficialmente atribuído a ele no condado de Sacramento. A polícia da Califórnia e o FBI retomaram as buscas pelo criminoso e anunciaram uma recompensa de 50 mil dólares por sua captura e condenação.
No total, DeAngelo é acusado de mais de 175 crimes, cometidos entre 1976 e 1986.

Matéria da CBS News publicada originalmente em inglês em 25 de abril de 2018.

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