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Premiada adaptação de “Afirma Pereira” para os quadrinhos chega ao Brasil

Romance crítico sobre a ditadura salazarista foi adaptado pelo francês Pierre-Henry Gomont, que recebeu dois prêmios pela obra

A ditadura salazarista em Portugal se caracterizou pela forte repressão contra qualquer contestação ao regime implantado com a Constituição de 1933 em terras lusitanas. O chamado Estado Novo português defendia um conjunto de ideologias antiliberais em voga à época, como o nacionalismo integral, o conservadorismo católico e o regime político fascista. Mas durante uma forte onda de calor no verão de 1938, um recatado editor de cultura de um jornal religioso resolve se afirmar contra a maré reacionária.

Esse é o contexto em que foi construída a narrativa de Afirma Pereira. Romance do escritor italiano Antonio Tabucchi publicado em 1994, o texto já foi adaptado para o cinema em 1996, com Marcello Mastroianni no papel principal. Em 2016, a história adentrou o mundo das graphic novels com traços do francês Pierre-Henry Gomont. Agora, em setembro de 2022, a HQ ganha uma edição brasileira com publicação da editora Nemo.

Assim como o filme, que garantiu a Marcello Mastroianni o troféu de melhor ator da principal premiação do cinema italiano, o Prêmio David di Donatello, o quadrinho Afirma Pereira rendeu a Pierre-Henry Gomont o Prêmio RTL de melhor quadrinho de 2016 e o título de melhor adaptação de romance histórico na França, com o Prêmio Château de Cheverny de 2017, dedicado às HQs de temática histórica.

MODO DE VIDA DISCRETO E TEORIA DAS ALMAS
Pereira tinha uma vida bastante discreta. Solitário desde a perda da sua companheira, que morreu ainda jovem vítima da tuberculose, há cerca de 20 anos ele cuidava da editoria de cultura de um jornal religioso e conservador. Durante a ida ao trabalho em uma manhã do forte verão de 1938, se deparou com um artigo que elogiava um inusitado trabalho acadêmico de um rapaz com estranho nome para um português.

O premiado jovem se chamava Francisco Monteiro Rossi, que versava filosoficamente sobre a morte. Pereira pensava muito nisso. Como bom católico, ele acreditava na ressureição da alma. No entanto, esperava que isso não implicasse a ressureição do corpo. Isso porque, quando seus dias terminassem, queria livrar-se daquele corpo obeso, que tanto lhe afligia, especialmente em dias quentes.

Gomont utiliza um recurso original e surpreendente para transferir visualmente a teoria das almas desenvolvida na história de Tabucchi, segundo a qual múltiplas almas lutam na consciência de cada pessoa e determinam as decisões de cada indivíduo, fazendo emergir pequenos avatares de Pereira, comentando e questionando constantemente suas ações, para refletir suas dúvidas e sua profunda mudança rumo ao engajamento e à militância pela liberdade.

PEREIRA VAI À LUTA, COM A CANETA EM PUNHO
No meio de questionamentos sobre a morte, de forma imediata e inusitada, Pereira resolve contratar o jovem Monteiro Rossi para preparar antecipadamente o obituário de artistas famosos, especialmente escritores. Monteiro Rossi, sua enigmática namorada e seu misterioso primo mudam o estilo de vida de Pereira. O jovem diz que aceita escrever obituários porque precisa se sustentar, mas que seu principal objetivo é defender a vida. Na convivência com Rossi e seus polêmicos textos, Pereira passa a ter contatos com membros de movimentos revolucionários de Portugal e Espanha. Diante do perigo em que essas pessoas se encontravam, Pereira passa a se afirmar diante do totalitarismo e da censura. Afirma Pereira é, assim, uma obra emblemática de resistência. É quando um homem decide lutar com a caneta em punho.

SOBRE OS AUTORES
O francês Pierre-Henry Gomont nasceu em 1978 e exerceu diversas profissões antes de se tornar sociólogo e quadrinista. Atualmente, vive e trabalha em Bruxelas, na Bélgica. Em 2010, participou de produções coletivas da famosa editora de HQs Manolosanctis. Em 2011, publicou sua primeira HQ, Kirkenes, com cenários de Jonathan Châtel. Aproveitou o embalo e, no mesmo ano, lançou Catalyse. Nos anos seguintes, produziu livros como Crematorium, Rouge Karma e Les nuits de saturn. Em 2016, adaptou para os quadrinhos o romance Afirma Pereira, do italiano Antonio Tabucchi.

Nascido em Pisa, em 1943, Antonio Tabucchi é um reconhecido escritor italiano. Entre romances e contos, escreveu cerca de 20 livros, que foram traduzidos em todo o mundo e que receberam vários prêmios internacionais. Filólogo e tradutor do poeta português Fernando Pessoa para o italiano, foi professor titular na Universidade de Siena e professor visitante no Bard College (Nova York) e no Collège de France (Paris). Escreveu para diversos jornais e revistas, como Le Monde, Corriere della Sera, El País e La Nouvelle Revue française. Alguns dos seus livros foram adaptados para o teatro e cinema. Afirma Pereira ganhou as telonas em 1996, em filme dirigido por Roberto Faenza. Tabucchi nos deixou em 2012, aos 68 anos.

Para mais informações, entre em contato com nossa assessoria de comunicação pelo e-mail ou pelo telefone (31) 3465-4500 (ramal 207).

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