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Leda Nagle

Eu nasci, cresci e me formei em Juiz de Fora. Foi lá que eu me apaixonei pela primeira vez, aprendi a dirigir carro, trator e caminhão. Foi lá que vi o homem chegar à lua. Foi lá, também, que aprendi a falar mineiro. Mandioca, mexerica, passeio e sombrinha. Só depois, muito tempo depois, já no Rio de Janeiro (lugar que escolhi para viver), é que descobri o aipim, a tangerina, a calçada e o guarda-chuva. Eu sempre pensei em ser jornalista. Nunca sonhei em ser outra coisa. E também nunca me ocorreu morar em outro lugar que não fosse o Rio de Janeiro. O Rio é o lugar, porque permite que a gente se descubra. Comigo não foi diferente. Me descobri flamenguista saudável, mangueirense de coração, capricorniana convicta e mãe orgulhosa do carioca Eduardo. Hoje, digo que sou “mineiroca”, porque ser mineira é para sempre. Sou do tipo organizada, gosto de tudo no lugar certo. Se fico triste, recebo uma Maria de frente: limpo móveis, arrumo gavetas e armários… em silêncio. Gosto do silêncio também para plantar e replantar flores e temperos. Adoro fazer várias coisas ao mesmo tempo, como estar ao telefone e na internet enquanto vejo televisão… Aliás, adoro telefone e, principalmente, adoro fazer televisão. Gosto muito de estúdio de televisão. Gosto daquele clima tenso, daquela voz ameaçadora que diz: “Trinta segundos… vai entrar…”. É nesse momento que sinto uma calma franciscana. Adoro aqueles milhares de faxes, e-mails e telefonemas. Aquelas várias pessoas falando ao mesmo tempo, aquela multiplicidade de ideias e sonhos. Tudo acontecendo ao mesmo tempo. Pra dizer a verdade, adoro falar. Gosto tanto que arranjei um jeito de ganhar a vida falando… Graças a Deus, a São Judas Tadeu e a todos os orixás. Com certeza.

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