Uma das coisas que mais gosto no meu trabalho como ilustradora de livros é quando recebo e leio pela primeira vez um texto. É nessa primeira leitura, que procuro fazer como leitora e não como ilustradora, que consigo sentir antes de pensar. Normalmente, quando acabo essa leitura eu rabisco alguma coisa no meu caderninho e já anoto algumas sensações que ficaram. Depois, pra fazer meu trabalho, volto a ler o texto muitas vezes e vou anotando muitas ideias, mas sempre tenho em mente aquelas primeiras impressões.
Na primeira leitura que fiz de Céu de fundo do mar e outras memórias, logo nas primeiras páginas fui tomada por um encantamento. Até agora acho que só pode ter sido coisa daquela névoa alaranjada, ou então alguma picada dessas formigas que conversam com o Long-Long. Imaginei cenas enevoadas e amareladas pelo filtro das lembranças; e, pra trazer essa atmosfera para o papel, usei principalmente pastel seco, que fui espalhando com os dedos pra esfumaçar. Certamente você também vai sentir a magia que brota das palavras de Janaína Michalski e, quem sabe, perceber que pode voar com as crianças de Verdinópolis.
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