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Alvo de constantes ataques na internet, Nina Jankowicz escreveu guia que chega às livrarias em outubro com relatos reais e dicas práticas para combater o machismo e a misoginia online
Após um dia de trabalho, uma mulher pode sofrer diversos ataques durante um simples caminhar do escritório até sua casa. Há riscos de ser perseguida nas ruas, de ser acompanhada por olhares intimidadores e de ouvir obscenidades nas ruas ou no transporte público. Devido a tantas agressões, a mulher pode decidir trabalhar em home office. Mas nem no mundo virtual ela está livre de assédios.
Ter condições seguras para expor suas ideias e suas ações nas redes sociais é algo fundamental. Mas para que uma mulher possa usufruir desses direitos, ela tem que lutar contra todas as agressões virtuais. Combater esse tipo de assédio é o objetivo de Lugar de mulher é online e onde mais ela quiser, livro escrito pela pesquisadora e especialista em desinformação americana Nina Jankowicz. Lançado em abril deste ano nos Estados Unidos, a obra ganha uma edição brasileira pela Editora Vestígio (Grupo Autêntica) e chega às livrarias em 17 de outubro.
Lugar de mulher é online e onde mais ela quiser tem cinco capítulos, que tratam de segurança, adversidade, política, comunidade e tenacidade. Em todos eles, Jankowicz apresenta mulheres que se destacam em cada um desses temas. Esses exemplos são importantes diante de uma realidade de crescente misoginia no mundo virtual.
EDIÇÃO BRASILEIRA TEM APRESENTAÇÃO DE PATRÍCIA CAMPOS MELLO
A apresentação da edição brasileira foi escrita por Patrícia Campos Mello, jornalista vítima de agressões virtuais ao publicar reportagens denunciando crimes eleitorais e políticos. Mello afirma que o livro de Jankowicz é um ótimo guia para as mulheres contra-atacarem. “Lugar de mulher é online e onde mais ela quiser é um livro essencial para todas nós. A obra ajuda a nos prepararmos para enfrentar essa selva digital e não nos deixarmos intimidar”, escreveu na apresentação.
A misoginia parece ser a norma na internet. Embora esses ataques virtuais tenham como objetivo silenciar mulheres que costumam se posicionar nas mídias sociais, muitos recomendam simplesmente ignorar agressões online. Segundo Jankowicz, aceitamos que o assédio é simplesmente o custo do engajamento feminino, ou ainda pior, que as mulheres devem suportar tais assédios silenciosamente, em nome da “liberdade de expressão”.
DADOS APONTAM CRESCIMENTO DE AGRESSÕES VIRTUAIS
Em 2021, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos recebeu e processou 8.174 denúncias anônimas de Violência ou Discriminação contra Mulheres, envolvendo 4,189 páginas (URLs) distintas. De acordo com dados da SaferNet, a violência ou discriminação contra as mulheres cresceu mais de 26% nos primeiros seis meses de 2022. Segundo dados de uma pesquisa global realizada em 2018 pela International Women’s Media Foundation, 40% das mulheres evitam fazer certas postagens por causa de assédios online.
Jankowicz não concorda com esse silêncio. Seu livro é, acima de tudo, um chamado para a ação em casos de violência contra a mulher na internet. Nesse sentido, a obra contém desde dicas de cibersegurança até guia de procedimento contra agressores e modos de reação contra trolls ou stalkers. Além disso, oferece lições de como identificar robôs, bloquear perfis, responder e denunciar ataques nas plataformas digitais. “Acredito que podemos mudar as normas que governam nosso ecossistema online”, diz a autora.
SOBRE A AUTORA
Nina Jankowicz é uma especialista internacional em desinformação e democratização. Possui mestrado pelo Centro de Estudos Eurasianos, Russos e do Leste Europeu da Escola de Serviço Estrangeiro da Universidade de Georgetown e é graduada em Ciências Políticas e Russo pela Bryn Mawr College. Fluente em russo, fala ucraniano e polonês e atua no Conselho de Curadores da Fundação Eurasia.
Sua experiência abrange os setores público, privado e acadêmico. Tem aconselhado governos, organizações internacionais e empresas de tecnologia. Lidera pesquisas acessíveis e acionáveis acerca dos efeitos da desinformação sobre mulheres, minorias, ativistas democráticos e liberdade de expressão em todo o mundo.
Tem vasta experiência em mídia, com textos publicados em muitos dos principais jornais e revistas estadunidenses, incluindo The New York Times, The Washington Post e The Atlantic. Ela é uma convidada regular nos principais programas de rádio e televisão, como Newshour (PBS), Fareed Zakaria GPS (CNN), Amanpour (CNN), World Service (BBC) e All Things Considered (NPR).
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