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Irmã outsider, aclamado livro da escritora e ativista Audre Lorde, chega ao Brasil e mostra atualidade 35 anos após sua publicação original

“A opressão de mulheres não conhece limites étnicos ou raciais, é verdade, mas isso não significa que ela seja idêntica diante dessas diferenças. As fontes de nossos poderes ancestrais também não conhecem esses limites. Lidar com umas sem sequer mencionar as outras é deturpar tanto o que temos em comum quanto as nossas diferenças. Porque para além da irmandade ainda existe o racismo.”

O trecho acima integra a “Carta aberta a Mary Daly”, um dos 15 ensaios e conferências reunidos em Irmã outsider, considerado o trabalho em prosa mais importante da escritora, poeta e ativista norte-americana Audre Lorde. O livro, que chega ao Brasil 35 anos após sua publicação original, será lançado pela Autêntica Editora durante a Festa do Livro da USP, entre os dias 27 e 30 de novembro, na capital paulista.

Endereçada à autora de Gyn/Ecology: The Metaethics of Radical Feminism, em maio de 1979, a carta traz uma das ideias centrais da obra de Lorde, a interseccionalidade, em cujo debate é considerada, ainda hoje, uma das maiores referências. Lorde foi uma das primeiras feministas a discutir o tema, levando em consideração o racismo, a luta de classes e a hierarquização por sexo ao tratar da opressão sofrida pelas mulheres. O ponto central da missiva é a histórica incapacidade de escuta e de diálogo das mulheres brancas em relação às negras.

Irmã outsider, que exerceu grande influência no desenvolvimento de teorias feministas contemporâneas, traz também reflexões sobre lesbianidade, negritude, racismo, machismo, imperialismo, entre outros assuntos. Tudo isso a partir de um pensamento profundamente enraizado na experiência de estar fora da chamada “norma mítica”: branca, heterossexual, magra.

Mulher negra, lésbica e guerreira, ativista e pensadora, Audre Lorde traz o olhar da outsider, deslocado, estrangeiro, capaz de análises certeiras sobre a necessidade de agirmos para transformar a sociedade, propondo caminhos possíveis: saber quem somos e nos definirmos por meio das nossas palavras; reconhecer nas alianças uma força contra as estruturas desumanizantes do racismo e do machismo; compreender o erótico como um poder. E ela o faz lançando mão de uma prosa incisiva e crítica, mas, ao mesmo tempo, lírica e esperançosa.

“O filho homem: reflexões de uma lésbica negra e feminista”, texto no qual fala de sua experiência com Jonathan, caçula de então catorze anos, é um exemplo disso. Ao afirmar que os filhos são a vanguarda de um reinado de mulheres que ainda não foi estabelecido, a autora discute, com leveza, as dificuldades da educação voltada para homens, uma vez que os filhos de lésbicas precisariam criar as próprias definições de quem são – diferentemente das filhas, que têm em quem se espelhar.

Em “As ferramentas do senhor nunca derrubarão a casa-grande”, por outro lado, a voltagem é maior. Lorde é enfática ao questionar sua participação na única mesa-redonda da conferência do Instituto de Humanidades da Universidade de Nova York em que as questões das mulheres negras e lésbicas foram representadas. Foi, assim, em sua opinião, segregada das discussões sobre existencialismo, poder, cultura, silenciamento de mulheres e desenvolvimento de teorias feministas, entre outras questões.

E escreve: “Nos círculos do feminismo acadêmico, a resposta a essas perguntas com frequência é: ‘Não sabíamos a quem recorrer’. Entretanto, esse é o mesmo subterfúgio, a mesma desculpa esfarrapada que mantém a arte de mulheres negras fora das exposições de mulheres, o trabalho de mulheres negras fora da maioria das publicações feministas […] e os textos de mulheres negras fora das suas recomendações de leituras. […] O racismo e a homofobia são condições reais de todas as nossas vidas aqui e agora. Rogo a cada uma de nós aqui que mergulhe naquele lugar profundo de conhecimento que há dentro de si e chegue até o terror e a aversão a qualquer diferença que ali habite. Veja que rosto têm. Só aí o pessoal como algo político pode começar a iluminar todas as nossas escolhas.”

Mais atual, impossível.

A AUTORA
Audre Geraldine Lorde nasceu em 1934, em Nova York. Filha de imigrantes caribenhos, Lorde se define “preta, lésbica, mãe, guerreira, poeta”. Teve sua poesia regularmente publicada durante os anos 1960 em várias antologias estrangeiras e em revistas literárias negras. Em 1968, publicou seu primeiro livro de poemas, The First Cities. Em 1974, publicou o New York Head Shot and Museum, seu trabalho mais político. Diagnosticada com câncer, narrou suas lutas em sua primeira coletânea em prosa, The Cancer Journals, que ganhou o prêmio Gay Caucus de livro do ano em 1981. Em uma cerimônia de nomeação africana, antes de sua morte, Lorde recebeu o nome de Gambda Adisa, que significa “guerreira: ela que faz sua significância conhecida”. Morreu aos 58 anos, em 1992.

Para mais informações, entre em contato com nossa assessoria de comunicação pelo e-mail ou pelo telefone (31) 3465-4500 (ramal 207).

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