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Resenha: Fazendo Meu Filme 3 – O roteiro inesperado de Fani no blog Conversa de Menina

18/03/2011 — Andreia Santana, Blog Conversa de Menina

A expectativa em torno de uma série é sempre muito grande e o medo da história degringolar também. Raros são os autores que conseguem manter o fôlego de suas histórias por livros e mais livros e os que superam o desafio e trazem em cada novo volume um elemento a mais, sem perder o foco e o controle sobre a narrativa, esses merecem cada fã que se junta à legião crescente de admiradores. A mineira Paula Pimenta, autora da série adolescente Fazendo Meu Filme, tem esse mérito e no terceiro volume das aventuras – e desventuras – da cativante Fani, demonstra que sua obra não se trata de mais uma “febre de verão”. A história veio para ficar.

No terceiro volume, que tem o subtítulo O roteiro inesperado de Fani, as surpresas não param de acontecer na vida da protagonista, que é inspirada em heroínas românticas não só do cinema, mas principalmente da literatura clássica. A maior inspiração, porém, acredito que venha da vida, do cotidiano de milhares de adolescentes que não à toa se identificam com a mocinha chorona e delicada da história.

Este terceiro é menos inocente do que os dois primeiros livros da série, não tanto pela questão da descoberta da sexualidade (abordada de forma sutil e realista pela autora), mas principalmente, porque os dramas de colégio de Fani e suas amigas se tornam complexos, na mesma proporção em que “complica-se” a vida de alguém que deixa a infância e enfrenta aquele estágio final da adolescência que vai desembocar no começo da vida adulta. Fani cresce junto com o público que lê as histórias da jovem de Belo Horizonte que sonha em ser cineasta e viver uma linda história de amor.

A jovem, que já viveu os sentimentos avassaladores da primeira paixonite de adolescente (por um professor mais velho) e morou um ano no exterior, longe da família, dos amigos e de tudo que lhe dava segurança emocional, agora tem de prestar vestibular, administrar o ciúme do namorado e as expectativas dos pais e amigos, descobrir sua verdadeira vocação profissional, mas principalmente, fazer as escolhas que irão determinar o tipo de ser humano que ela irá se tornar como uma mulher adulta. Crescer não é fácil, com o perdão do chavão, mas há estágios críticos na vida de todos nós em que sentimos com todo o coração o peso da palavra amadurecer.

De uma forma igualmente honesta e criativa, a autora aborda os (pre) conceitos de uma educação classe média, como os tabus em torno da virgindade e, principalmente, o machismo demonstrado por alguns personagens masculinos e femininos do ciclo de convivência da protagonista e que não hesitam em julgá-la sem direito a defesa, nos momentos mais tensos do livro. Essa tensão, aliás, é competentemente bem distribuída ao longo da narrativa, prendendo a atenção do início ao fim, sem que para isso a autora precise de mirabolantes recursos estilísticos. A escrita de Paula Pimenta é simples, clara e ainda assim dotada de um lirismo que provoca uma nostalgia gostosa nos leitores mais velhos.

A jovem Fani tem as convicções testadas e colocadas em xeque a cada novo capítulo e, embora tenha personalidade – desde os primeiros livros ela mostrou que não pertence ao time das “marias vai com as outras” –, não deixa de se questionar sobre as atitudes que toma ou sobre suas motivações e escolhas. Fani é humana e isso a torna uma personagem fascinante. É sensível, sem ser submissa, é impulsiva, mas também muito ponderada. Uma menina comum, que vai ao shopping, acredita em cartomantes e ama a família, mas por isso mesmo é especial porque autêntica na sua simplicidade.

Sem precisar de descrições físicas apuradas ou de narrar detalhes – às vezes enfadonhos –, a autora consegue dar consistência a Fani e ao seu mundo, com destaque aqui aos coadjuvantes da história, como a complexa, madura e sensata Gabi, a melhor amiga. É uma opção narrativa abrir mão dos detalhes externos para fixar o olhar nos dramas internos e a partir daí construir o cenário e a paisagem onde se desenrola a história. Faz sentido e é coerente com a vida, pois é a partir da percepção individual de cada pessoa que o mundo é apreendido enquanto lugar físico e, portanto, cenário e paisagem.

O desfecho inesperado deste terceiro volume abre brechas para muitas especulações em torno do destino final de Fani e de suas amigas. Com quem ela vai ficar e viver o grande amor que merecidamente espera? Conseguirá tornar-se a grande cineasta de seus sonhos? E Gabi, encontrará alguém que mereça o ser humano especial e raro que ela é? Gabi precisa encontrar alguém ou já se encontrou? Natália, doidivana e primaveril, vai casar e perder o viço ou vai casar e ensolarar a vida do marido?

Aos olhos “inocentes” dos leitores jovens, pode parecer que Fani perdeu seu bem mais precioso. Mas na percepção dos mais velhos, acostumados e calejados com o perde e ganha da vida, Fani tem à sua frente inúmeras possibilidades de futuro e poderá escrever seu final, tornando-se não apenas protagonista de um filme, mas da própria existência.

O exemplo para que as jovens de carne e osso também assumam a direção da própria vida e dos próprios corações, não ficando à mercê do ciúme e das inseguranças dos Leos (o namorado ciumento) da vida, embora não intencional, acredito que fará muito bem às cabecinhas em formação. Embora não tenha a intenção de ser didático, em um mar de livros que pouco tem a ensinar, Fazendo Meu Filme é inspirador.

A metáfora escolhida pela escritora para construir Fazendo Meu Filme, o cinema e a metalinguagem da jovem que quer contar histórias ao mesmo tempo em que a sua desenrola-se diante dos olhos de milhares de leitores, é perfeita, porque a vida é sim, um suceder infinito de narrativas que se cruzam e descruzam em cada esquina.

Resta-nos esperar pelo volume final e saudar a consolidação de uma personagem que tem tudo para tornar-se inesquecível para vários leitores. Mas, principalmente, a consagração de uma autora que logo na estreia em prosa, demonstra que seu talento não precisa de comparações com autoras estrangeiras do Chick Lit para se firmar como autêntico.

Evoé Fani, Evoé Paula Pimenta!

*P.S.: Descobri a série Fazendo Meu Filme no início de 2010, durante uma reportagem sobre o gênero literário Chick Lit, a literatura feminina contemporânea que deriva de autoras do século XIX como Jane Austen e Emily Brönte. As fotos que ilustram essa resenha foram feitas por mim, durante o lançamento de Fazendo Meu Filme 3 – o roteiro inesperado de Fani, em Salvador, em dezembro passado. Graças à reportagem anterior sobre o Chick Lit, a editora Gutemberg descobriu o Conversa de Menina e nos enviou três exemplares de Fazendo Meu Filme 3, que serão sorteados em breve aqui.

Para mais informações, entre em contato com nossa assessoria de comunicação pelo e-mail ou pelo telefone (31) 3465-4500 (ramal 207).

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