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O jeito de escrever da internet invadiu a sala de aula (Jornal Zero Hora)

03/09/2010 — Letícia Duarte, Jornal Zero Hora

Pais e professores precisam se adaptar para saber como lidar com a linguagem digital usada pelos filhos

C vc n tah entendendo nd do q tah escrito aki, eh melhor ir c acostumando: a língua surgida na internet invadiu as salas de aula, e o fenômeno é tão forte que especialistas lançam um alerta. Quem precisa se adaptar são os pais e os professores.

Apesar da preocupação dos adultos com o impacto do chamado internetês, que mescla abreviações, ausência de acentuação, símbolos e trocas de letras, o código não representa uma ameaça ao aprendizado da norma culta. Mas nem de longe isso significa que pode ser ignorado. Embora reconheçam que os alunos acostumados às transgressões virtuais acabem escorregando na hora da redação no papel, os pesquisadores acreditam que quem merece um puxão de orelha são as escolas, que ainda menosprezam a linguagem digital, provocando apatia e desinteresse nos estudantes.

– Os professores ainda têm muito preconceito, mas a internet aumenta o repertório da escrita e da leitura, e isso deve ser trabalhado em sala de aula. Os próprios estudantes sabem diferenciar as coisas. Esses tempos, uma rede de TV começou a legendar filmes em internetês, e os jovens reclamaram, porque não era adequado – diz a pesquisadora Maria Thereza de Assunção Freitas, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora e uma das organizadoras do livro Leitura e Escrita de Adolescentes na Internet e na Escola.

Quando começou a pesquisar o tema em seu mestrado na Universidade Federal de Pernambuco, a professora Roberta Caiado estava entre aqueles que achavam que o internetês comprometeria a escrita escolar. Depois de acompanhar durante um semestre a escrita de duas adolescentes que mantinham blogs, a pesquisadora precisou rever suas hipóteses. Mesmo que os desvios ortográficos fossem regra na rede, a primeira aluna cometeu 0,5% de erros nas 6.556 palavras que escreveu em provas e trabalhos escolares. A segunda, 2,1%.

– Comprovei que não influencia. Até percebi que, com o tempo, foi melhorando o nível de escrita delas nos blogs, com menos abreviações, pelo próprio exercício da escrita – diz Roberta.

O doutor em linguística Sérgio Roberto Costa, pesquisador da área e autor de livros como o Minidicionário do discurso eletrônico-digital, garante que os pais não precisam perder o sono, pois assim como na sua infância eles liam gibis com linguagem abreviada e escreviam telegramas, hoje os adolescentes usam códigos semelhantes. A dica para as famílias é que procurem se inteirar da linguagem tecnológica, para compreender melhor os filhos. Oferecer aos jovens outras fontes de leitura, como jornais, livros e internet, também é essencial na avaliação do neurocientista Nelson Spritzer.

– Uma pessoa pobre em vocabulário também é pobre em processos de pensamento. Se essas crianças não tiverem outros estímulos linguísticos, correm o risco de se tornarem adultos empobrecidos – alerta Spritzer, salientando que crianças em fase de alfabetização devem receber maior atenção dos pais, para evitar a formação de cacoetes de linguagem.

Para dimensionar o impacto da internetês no cotidiano escolar, Zero Hora entrevistou pela rede cinco alunos de diferentes escolas da Capital, que passam a maior parte do dia conectados, têm listas com centenas de amigos para bate-papo e visões distintas sobre o assunto.

Matéria publicada no Jornal Zero Hora do dia 25 de outubro de 2009.

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