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Edição das obras do artista Moebius, lançadas pelo selo mineiro Nemo, ganha Prêmio HQ Mix

26/06/2012 — Walter Sebastião, Estado de Minas

O desenhista francês revolucionou o estilo da arte sequencial no século 20

Combinação bem dosada de tragédia, comédia e experimentação. Histórias amalucadas, surrealistas, com desenhos que tanto têm grande beleza quando exploram o bizarro. E uma assinatura: Moebius. Elementos que fizeram do francês Jean Giraud (1932-2012) um dos criadores mais populares e influentes da passagem do século 20 para o 21. Um clássico contemporâneo? Sim. Responderam, por voto, escritores, pesquisadores, desenhistas, jornalistas especializados em HQ, de todo o Brasil, ao conceder o Troféu HQ Mix, na categoria Publicação de clássico, à editora mineira Nemo, pelo lançamento de Arzach, em 2011, primeiro e histórico trabalho do autor, até então inédito em português. O prêmio está na sua 24ª edição e é organizado pela Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) e Instituto Memorial de Artes Gráficas do Brasil.

Jean Giraud nasceu em 1938. A paixão pelos quadrinhos começou na adolescência. “Era fascinado pelos personagens de exploradores. Então, minha primeira ‘criação’ séria foi uma história de explorador que se passava na África. Tinha 16 anos, seguia os cursos da escola de artes aplicadas. À noite, em casa, desenhava num caderno, quadrinho por quadrinho, página por página, sem projeto, como vinha, sem roteiro, e a aventura avançava, avançava… Um dia, me dei conta de que tinha produzido mais de 40 páginas… Não devia ser grande coisa, mas quando mostrei esse caderno na escola, o sucesso foi fulminante. Todo mundo queria ler. Fiquei orgulhoso. O caderno foi passando de mão em mão e, quando quis recuperá-lo, tinha desaparecido. Nunca mais o encontrei”, recordou em texto de abertura de A garagem hermética, o novo volume que acaba de chegar às livrarias.

O primeiro sucesso veio aos 18 anos, com o faroeste Blueberry. O pseudônimo Moebius começou a ser usado na metade dos anos 1970, para assinar histórias de ficção científica e fantasia editadas na revista Metal Hurland, criada pelo coletivo Humanoides Associados (com Moebius ao lado de Jean-Pierre Dionnet, Philippe Druillet e Bernard Farkas). O “personagem” ganha explicação no texto de abertura do álbum Absolutem Calfeutrail & outras histórias: “Um amigo psicólogo viu na história um esquema clássico da terapia: a representação simbólica de uma paisagem interior de neuroses e sonhos, relativamente pouco codificada pelas convenções de histórias em quadrinhos. De fato, isso é exatamente Moebius: a exploração interior… Isso explica por que, sob formas diversas, meu personagem favorito é um viajante, um explorador”.

Moebius Marcou presença também no cinema. Colaborou em filmes como Alien, O quinto elemento e Duna, entre outros. Imagens com influência dele podem ser vistas em dezenas de filmes de ficção científica.

Memória O fancês Arnaud Vin, diretor da Editora Nemo, que já lançou quatro álbuns de Moebius, quando moleque, além de acompanhar a série Blueberry – “que acho uma obra-prima”, observa –, viu aparecer e leu os primeiros trabalhos de ficção científica de Moebius. “Eram ruptura com os quadrinhos tradicionais, excessivamente ordenados, muito politicamente corretos. Tudo que uma geração com saco cheio da cultura dos anos 1960 queria ver”, recorda, lembrando-se de que era momento muito politizado em todas as artes. “Foi porta, belíssima, para outro universo”, observa. “Tudo na obra de Moebius impressiona, deixa hipnotizado. As histórias, os heróis fantásticos, as loucuras dele”, exemplifica. “Como toda obra genial, as histórias não envelheceram. Aposto que, nas próximas décadas, as pessoas vão redescobri-lo e sentir o mesmo que sentimos nos anos 1970”, compara.

“Os trabalhos de Moebius inspiraram e continuam inspirando bons desenhistas em todo o mundo”, avisa Arnaud Vin. Ele nunca imaginou que as histórias em quadrinhos que leu na adolescência um dia se tornariam clássicas. E com irreverência, vê com desconfiança o rótulo: “No sentido de ter profundidade e qualidade, Moebius é um clássico. No sentido de ser antigo, preso a um tempo, não. É arte que não tem idade”, afirma. O editor promete mais cinco títulos e outra coleção do autor.

Palavra de especialista
Cristiano Seixas
Desenhista e professor da Casa de Quadrinhos

Artista raro

“A ficção científica contemporânea não existiria sem as obras de Moebius. Impressionante a pluralidade, a versatilidade de Jean Giraud. Ele tem trabalhos primorosos, tanto fazendo faroeste quanto ficção científica. São raros os artistas que têm obras-primas em dois gêneros.

A força do trabalho vem de muitos aspectos, entre eles trabalhar vários gêneros – terror, comédia , ficção científica com muito humor etc. – numa mesma história. O ápice da obra para mim é Incal, trilogia que fez junto com o cineasta Jodorowsky, que acho leitura obrigatória.”

Moebius por Moebius

» Imagens

“Abrir-se para o alto é bem mais difícil. Alguns nem precisam. Eles já são trancados nele, cortados das profundezas, e acabam por produzir somente anjinhos sem ligação com o real. É necessário que as imagens positivas se encontrem com aquelas do fundo, para formar conjunto harmonioso entre o medo e a esperança. Devemos tirar a energia do alto para iluminar as profundezas. Assim, quando o espírito deixa de ser diretivo, não vemos surgir imagens da morte, mas da vida.”
Abertura de Arzach

» Método

“Buscava uma grande liberdade de desenho, trabalhando diretamente na tinta, sem esboço nem roteiro preconcebido. Esse método permite mudanças de direção relativamente brutais, podendo o prazer nascido da execução de um desenho levar à bifurcação inesperada da história. Trabalhei assim durante anos, tanto que essa maneira se tornou mais ou menos a minha marca registrada.”
Abertura de Absolutem Calfeutrail & outras histórias

» Superação

“Só há duas maneiras de alguém se superar: uma quantitativa, outra qualitativa. Para a quantidade, basta fazer proliferar o gênio a tal ponto que o leitor fique impressionado. No gênero imagem pequena que contenha uma cidade inteira com todas as suas janelas. É uma performance relativamente fácil (…) A performance qualitativa é de outra ordem, pois aí são determinantes a beleza, a invenção, a simplicidade. É muito mais difícil.”
Abertura de O homem é bom?

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