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Dor é dor e não há hierarquia para ela', diz terapeuta sobre sofrimento (Folha de S. Paulo)

08/07/2020 — Úrsula Passos - Folha de S. Paulo

Lori Gottlieb narra casos com os quais trabalhou no consultório e seu próprio processo como paciente

“Talvez Você Deva Conversar com Alguém” é o título do novo livro da terapeuta americana Lori Gottlieb que acaba de sair no Brasil. A frase-conselho ecoa um desejo e uma necessidade de muitos em meio à pandemia e ao isolamento social dela decorrente, experiência que afeta a saúde mental de pessoas em todo o mundo.

“Não deveríamos precisar de uma pandemia para perceber a importância de dar atenção à saúde mental”, diz ela em conversa ao telefone de sua casa em Los Angeles. “Só temos uma vida e, quando uma crise acontece, lembramos quais são nossas prioridades.”

O livro, que está sendo adaptado para um seriado no canal ABC pela atriz Eva Longoria, acompanha sessões de terapia de pacientes de Gottlieb —condensadas em alguns poucos personagens—, como um homem sem paciência que odeia todos a seu redor e uma jovem recém-casada que descobre ter um câncer terminal, e seu próprio processo de retorno à terapia como paciente após o fim de um relacionamento.

A intenção, segundo a autora, é revelar nossa humanidade comum e desconstruir estigmas e tabus em torno da terapia, o que Gottlieb faz com uma linguagem direta e descomplicada.

“Muitas vezes as pessoas não fazem terapia porque acham que algo tem que estar muito errado para procurarem ajuda ou porque têm vergonha, mas é muito importante que reconheçam que a saúde emocional é tão importante quanto a saúde física”, diz ela, que mantém uma coluna semanal sobre o assunto na revista The Atlantic. “Se você não hesita em marcar um médico quando não está se sentindo bem, não deveria hesitar em marcar um terapeuta se algo parece desconfortável emocionalmente.”

No livro, enquanto tenta lidar com seus próprios problemas, a terapeuta tem de ajudar os outros, seus pacientes. Segundo ela, é importante neste momento, em que muitos estão sofrendo e tendo contato com o sofrimento de outros, reconhecer a própria dor e não tentar apagar o que se está sentindo relativizando ou diminuindo ao comparar com as dores de outros.

“Quando pensamos que outra pessoa está sofrendo mais, nos sentimos culpados de focar nossa própria dor. É importante que as pessoas saibam que dor é dor e não há hierarquia para ela”, diz. “Se não reconhecemos aquilo que sentimos, isso vai aparecer de outras formas, talvez a pessoa fique mais irritada com os outros, ou talvez não consiga dormir, ou coma demais ou beba demais, ou passe muito tempo rolando páginas na internet.”

Se pararmos de nos distrair do que sentimos, o que não é saudável, diz Gottlieb, e começarmos a lidar com isso, será possível encontrar formas de nos sentirmos melhor.

Procurar ajuda agora, porém, significa começar a fazer terapia a distância, por telefone ou vídeo. No livro, lançado ano passado nos Estados Unidos, esse tipo de sessão é criticada e descrita como “terapia com camisinha”. Gottlieb diz que, trabalhando apenas online desde o começo da crise do novo coronavírus, porém, ela mudou um pouco de ideia.

“Ainda acho que nada pode substituir a experiência de sentar na mesma sala com alguém, cara a cara”, diz. “As máquinas jamais substituirão essa experiência, mas descobri que há um tipo diferente de intimidade trabalhando por vídeo, já que vemos dentro da casa das pessoas. É possível perceber ou descobrir coisas sobre as pessoas que não sabia.”

Ela conta que, ao ver um violoncelo numa sessão, descobriu que sua paciente tocava todos os dias a vida toda, mas ela nunca mencionara isso em terapia.

Outro assunto que tem preocupado mentes nos últimos meses é a educação das crianças, afastadas da escola. Para Gottlieb, as expectativas dos pais de que o aprendizado se dê da mesma forma que era antes é irrealista. “As crianças estão aprendendo muitas outras capacidades agora, como resiliência, flexibilidade, adaptabilidade, e sobre como contribuir dentro da família ou na comunidade.”

Ajudando um vizinho que não pode sair de casa colocando comida em sua porta ou telefonando para os avós, as crianças, diz a terapeuta, aprendem como ajudar na saúde emocional e física de outras pessoas.

Em 2011, Gottlieb, que optou por uma gravidez solo por meio de um banco de esperma, lançou o que viria a se tornar um best-seller: “Mulheres que Escolhem Demais”. O livro, que trata do desejo de se ter um companheiro para a vida, segundo ela, não é sobre diminuir o nível de exigência, mas sobre aumentá-lo e sobre como ter certeza de que se está casando pelos motivos corretos.

Para aqueles que hoje estão num relacionamento, ela tem algumas sugestões. “É importante ter privacidade. Por mais que se ame a pessoa com quem se está, é preciso um tempo para si”, diz ela, que também atende casais em seu consultório. “Negocie ficar duas horas só em um dos cômodos da casa, ou sair para uma caminhada. Não é natural estar juntos 24 horas por dia 7 dias na semana.”

Aos 53 anos, Gottlieb já mudou de carreira diversas vezes. Após trabalhar com roteiros para televisão e para o cinema, ela abandonou os estúdios para estudar medicina. Mas, depois do lançamento de seu primeiro livro, decidiu se dedicar à escrita e passou ao jornalismo. E só então, tempos depois, voltou aos estudos para virar terapeuta.

“Sempre soube que meu interesse era na condição humana e em suas histórias. Por mais que as carreiras que tive pareçam diferentes de fora, são todas sobre a mesma coisa, seja em ficção, quando estava na televisão, ou na vida real, na escola de medicina, contando a história das pessoas como jornalista ou as ajudando a mudar suas histórias como terapeuta.”

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Preço R$ 54,90 (448 págs.); R$ 38,90 (ebook)
Autor Lori Gottlieb
Editora Vestígio
Tradutora Elisa Nazarian

Para mais informações, entre em contato com nossa assessoria de comunicação pelo e-mail ou pelo telefone (31) 3465-4500 (ramal 207).

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