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Mercados do Brasil no Estado de Minas: "Povo bota banca"

22/01/2010 — Eduardo Tristão Girão , Jornal Estado de Minas

Livro do fotógrafo mineiro Cyro José Soares faz um passeio pela geografia e história de 10 mercados brasileiros. Representante de Belo Horizonte está entre os mais completos

Cyro Soares diz que mercados ajudam a preservar a cultura da região

Ao chegar a uma cidade pela primeira vez, há pessoas que escolhem o mercado local como primeiro lugar para visitar. Alguns consideram o passeio por suas bancas o melhor programa de uma viagem e a maioria não cogita a hipótese de voltar para casa sem conhecer os produtos e prosear com os vendedores. Não é por acaso que os mercados são considerados mais do que portas de entrada, verdadeiros cartões-postais das cidades que abastecem. Afinal, neles estão expressas características cruciais para entender o lugar e o povo. Atento a tudo isso, o fotógrafo mineiro Cyro José Soares percorreu 10 deles, de norte a sul do país, para revelar parte dessa riqueza pujante no recém-lançado livro Mercados do Brasil (Editora Autêntica).

Analista de sistemas aposentado e fotógrafo profissional há 25 anos, Cyro não faz rodeios: para escrever o livro se inspirou no mercado Ver-o-peso, em Belém (PA). Mesmo assim, apressa-se, o lugar disputa com o Mercado Central de Belo Horizonte o posto de seu preferido. “Lá em Florianópolis (SC), o mercado é lindo e tem um bar-delicatéssen famoso, com clientela muito grande. Conversando com o dono de lá, ele me disse que conhecia 32 mercados no Brasil e no mundo. Perguntei qual ele acha o mais completo e ele me respondeu que é o de Belo Horizonte. Depois de andar pelo Brasil todo, vi que é verdade”, conta o fotógrafo, de 62 anos, que nasceu em Formiga, Centro-Oeste do estado, e mora na capital mineira desde os 19.

Além desses, ele visitou os mercados Adolpho Lisboa (Manaus), São José (Recife), Modelo (Salvador), do Porto (Cuiabá), Municipal (São Paulo), Público Central (Porto Alegre) e a Feira de São Cristóvão (Rio de Janeiro). Acompanhado por jornalistas de cada uma das cidades (que escreveram os respectivos textos), ele percorreu cada mercado durante dois ou três dias, enfocando produtos, personagens típicos e histórias do lugar. Foram cerca de 8 mil cliques em pouco mais de dois meses de viagens – sempre com máquina fotográfica digital, dada a maior agilidade de trabalho que possibilita. “Ainda gosto mais de filme fotográfico”, confessa. Além deste, já publicou outros dois livros: Grutas e cavernas da província cárstica do Alto São Francisco e Vereda: berço das águas.

O trabalho começou e terminou no Mercado de Belo Horizonte. “Aproveitei mais as fotos da segunda visita”, lembra. “A diversidade de produtos e a variedade dos mesmos itens, como queijo e mel, foi o que mais me chamou a atenção. A área de artesanato é enorme, com coisas de Minas, Nordeste e Norte. Os outros mercados são muito típicos. O Ver-o-peso, em Belém, por exemplo, é fantástico, mas só tem produtos da Amazônia. Já o de São Paulo não tem verdura, apesar de ser o mais organizado e voltado para gourmets. Em Manaus é o artesanato que domina, assim como em Salvador. E em Cuiabá, que quase não tem artesanato, o foco é em peixes do Pantanal”, sintetiza.

Contrastes

Em Porto Alegre (onde está o mais bonito, em sua opinião) e Florianópolis, Cyro conheceu gestões que mais se aproximam do que considera ideal, com preservação não apenas da parte física, mas da história dos mercados. “Essa questão de valorização é cultural. O que se aprende dentro de um mercado sobre a região é impressionante. Além do papel de abastecimento, o mercado é um meio de divulgar a cultura, história e costumes do povo”, afirma. Em termos de organização, elege o de São Paulo como modelo: “O subsolo é impressionante, com estação de tratamento de ozônio para eliminar mau cheiro. Além disso, há combate a ratos e pombos e estação de reciclagem”.

Apesar de praticamente todos os mercados que visitou terem sofrido incêndio, o fotógrafo considera que os estabelecimentos em pior estado de conservação estão nas regiões Norte e Nordeste. “O mais problemático é o de Manaus, um prédio histórico e maravilhoso está caindo aos pedaços. A cidade está totalmente em obras por causa da Copa de 2014, o mercado está interditado há quatro anos e ninguém fala nada. O turismo nos mercados é fantástico e Manaus vive cheia. Gringo só vai lá se uma agência levar”, analisa. Sem falar na questão da segurança – nos mercados de lá e de Belém, Cyro precisou ser escoltado por seguranças ou militares.

Mas nada que o mínimo de envolvimento da população (para não entrar no mérito das competências das autoridades) não ajude a resolver. Em Cuiabá, ele testemunhou a visita semanal de moradores carentes ao mercado da cidade para fazer a limpeza do espaço em troca de produtos diversos à venda no local. “Não é coisa que vai para o lixo, é produto mesmo, reservado para eles, que ficam alegres por fazer isso”, diz. “Em todo o Brasil, os mercados são grandes famílias. O cara tem uma banca, aquela é do filho e a outra da nora, mas todo mundo passa a fazer parte da família. Se não tem um produto, indica a banca do outro. Isso não se vê no comércio. Os comerciantes vivem a vida mais dentro do mercado do que na própria casa e a simpatia é constante. Isso é algo com o qual o vendedor já parece nascer. É fantástico e renderia mais uns três livros”, completa.

Mercados do Brasil
De Cyro José Soares
Autêntica Editora,
215 páginas, R$ 87

Para mais informações, entre em contato com nossa assessoria de comunicação pelo e-mail ou pelo telefone (31) 3465-4500 (ramal 207).

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