Por que crianças matam

Gitta Sereny - Publicado na categoria Palavra da Editora em 16/05/2019


Em 1968, com o intervalo de algumas semanas, a pacata cidade inglesa de Newcastle Upon Tyne foi abalada pelos assassinatos do pequeno Brian Howe, de 3 anos, e do garotinho Martin Brown, de 4 anos. A cidade ainda não havia se recuperado do choque quando a polícia revelou que as culpadas pelo crime eram também duas crianças.

Norma Bell, 13 anos, e Mary Bell (sem parentesco), 11 anos, foram a julgamento no ano seguinte. Norma foi absolvida, considerada incapaz de cometer tais crimes se não tivesse sido influenciada. Mary foi condenada à prisão perpétua, diagnosticada como psicopata e retratada pela imprensa e pela opinião pública como “inerentemente má”.

Essa explicação, porém, nunca bastou para a jornalista Gitta Sereny. Após anos trabalhando com crianças sobreviventes de campos de concentração nazistas, Sereny se debruçou sobre a história de Mary Bell, decidida a encontrar o ponto de ruptura, como ela diz, que leva uma criança de 11 anos a cometer um ato como o de tirar a vida de outra criança.

Vinte e cinco anos após a publicação de seu primeiro livro sobre o caso, a jornalista conversou com Mary Bell, então uma mulher adulta e fora da prisão, sobre os dois dias que terminaram com as mortes de Brian e Martin, bem como sobre seus anos de encarceramento e de liberdade e sobre os acontecimentos em sua infância que deixaram marcas. O resultado é um relato amplo sobre as maneiras como o governo e a família falham em proteger nossas crianças, e novamente em reabilitá-las e acolhê-las depois que elas são levadas ao extremo.

Por que crianças matam é a história de Mary Bell, mas também de centenas de outras crianças. O livro denuncia nossa incapacidade de ouvir os pedidos por ajuda de crianças em situações de vulnerabilidade e faz uma reflexão sobre a natureza humana: nem inerentemente má, nem inerentemente boa, mas talvez uma mistura de quem somos com aquilo que é feito conosco.

Sobre a autora: Gitta Sereny foi jornalista, biógrafa e historiadora. Investigou as origens e a natureza do mal em seus livros sobre criminosos de guerra nazistas (Into that Darkness: An Examination of Conscience; Albert Speer: His Battle with Truth) e sobre crianças assassinas (The Case of Mary Bell; Por que crianças matam). Durante a anexação da Áustria pela Alemanha, viveu na França e depois nos Estados Unidos. Após a Segunda Guerra Mundial, retornou para a Europa e trabalhou com crianças que haviam sobrevivido a campos de concentração ou sido levadas de seus pais.

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