Os sabiás da crônica

Equipe - Publicado na categoria Dicas de leitura em 08/02/2022


O ano era 1967: naquele verão, um time com os maiores cronistas brasileiros de todos os tempos se reunia na célebre cobertura de um deles, localizada na Rua Barão da Torre, em Ipanema, no Rio de Janeiro. O motivo para o lendário encontro, imortalizado pelas lentes do fotógrafo Paulo Garcez, era nobre: realizar um ensaio fotográfico para divulgar os primeiros títulos da recém-fundada Editora Sabiá, que funcionou entre 1966 e 1972.

A foto mostrava Rubem Braga, o proprietário do imóvel, ladeado por Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Stanislaw Ponte Preta e José Carlos Oliveira. Este registro que atravessou o tempo e a vontade de ver esses nomes juntos novamente serviram de inspiração para a editora Maria Amélia Mello, que decidiu reproduzir, em livro, o encontro dos sabiás da foto tirada quase 55 anos atrás. Assim nasceu a antologia Os sabiás da crônica, que rapidamente se converteu em um dos livros mais procurados pelos leitores da Autêntica.


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De pé, da esquerda para direita, estão Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e José Carlos de Oliveira. Sentados: Rubem Braga, Sérgio Porto e Vinicius de Moraes.

Após a sessão de fotos, os sabiás se reúnem na pinacoteca da sala. A roda de amigos abre o leque da descontração: uns descartam o paletó, outros tiram os sapatos, alguns levantam copos, outros sacam um cigarro. O jovem Chico Buarque também está presente, como pode ser constatado nas fotos que ilustram a parte interna do livro.


Como bem explicado pelo organizador Augusto Massi, em seu texto de prefácio, a antologia foi organizada de forma que correspondesse, no plano textual, a um retrato de grupo. As noventa crônicas que compõem o volume cobrem um arco histórico que vai de 1930 até 2004, quando morre Fernando Sabino. As quinze crônicas reservadas a cada escritor abrangem duas perspectivas. Uma histórica, que percorre as obras de estreia até as coletâneas póstumas, e a outra, literária, que parte de uma reflexão sobre o ofício, que os coloca em torno de núcleos comuns, como os diálogos com a música e o cinema, perfis de amigos e artistas, o futebol, entre outros.


O propósito do livro é armar um quadro histórico e cultural que incorporasse os movimentos construtivos da amizade. Vêm à tona diferentes personalidades e visões de mundo, e é interessante observar como o senso de humor dos cronistas permitia que transitassem com desenvoltura da conversa lúcida para a réplica lúdica.

Conheça mais sobre o livro e a produção dos seis autores.


Leia trechos de algumas resenhas publicadas pela imprensa:


“Leitura para fruição e deleite, “Os sabiás”, no entanto, oferece mais. Dá esperança e alento. É testemunho vigoroso de que já existiu uma “época de ouro” em vários circuitos da vida cultural brasileira (literatura, música, cinema, teatro…), quando foi possível cultivar, bem mais que hoje, a liberdade do espírito, a fala solta e a convivência prazerosa e bem-humorada com os amigos, sem as precauções e cautelas tão em voga na atualidade, dominada, certamente, por uma paisagem mais sombria e mais triste.”, Rogério Faria Tavares (Estado de Minas)


“‘Os Sabiás da Crônica’ leva ao leitor humor, crítica, política, história, lirismo e a união de um grupo de amigos talentosíssimos, os melhores de suas gerações, que, agora, pela primeira vez, se encontram nas páginas do mesmo livro. É a história da turma de Rubem, que amava Vinicius, que amava Fernando, que amava Paulo, que amava Stanislaw, que amava José, que naquela tarde de novembro de 1967 disse que chegara a vez do jovem Chico Buarque.”, Bruno Mateus (Jornal O Tempo)

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