Entrevistamos Soman Chainani, veja o resultado!

Soman Chainani - Publicado na categoria Entrevistas em 07/11/2018


O autor da série A escola do bem e do mal respondeu a cinco perguntas do blog sobre sua série e o como são seus processos literários. Leia a entrevista completa abaixo.

Como é o seu processo criativo? Você tem alguma rotina de escrita?

Soman Chainani: Escrever é como respirar e é algo muito específico para cada escritor. No meu caso, preciso estar conscientemente exausto para conseguir acessar minha criatividade subconsciente. Portanto, eu me exercito mais do que qualquer ser humano no planeta – geralmente pratico tênis na parte da manhã, faço treinos de crossfit à tarde e escrevo entre esses dois períodos. O esgotamento físico significa que eu não luto contra mim mesmo e confio no fluxo de ideias que sai. Costumo escrever todos os dias, pelo menos 5 ou 6 horas, exceto quando termino um livro. Então eu tiro de 6 a 8 semanas de folga para recarregar as baterias antes de começar a me dedicar a um livro novo.

Qual foi o personagem que você mais gostou de criar? Por quê?

SC: Sophie é o personagem com quem tenho mais afinidade. Ela é tão difícil, vaidosa e sempre quer ser o centro das atenções, mas, mesmo assim, lá no fundo, ela só está tentando fazer o seu melhor. Meus amigos dizem que eu penso ser mais complexo do que realmente sou, mas Sophie é a personagem que espelha meu fluxo de consciência com mais precisão. Eu amo escrever suas cenas porque elas são provocativas e transgressivas, mas cheias de frescor – creio que nunca li um personagem como ela antes, provavelmente porque ela pode ser terrivelmente desagradável. Mas eu gosto do desafio de fazer personagens intragáveis se tornarem adorados.

Como foi a recepção de A Escola do Bem e do Mal em todo o mundo? Houve algum comentário de leitores ou da imprensa que foi particularmente tocante para você?

SC: A recepção de A ESCOLA DO BEM E DO MAL aconteceu de forma muito natural, porém maciça. Fomos traduzidos para 28 idiomas em 6 continentes, temos um filme a caminho e eu recebi incontáveis mensagens de fãs de todo o mundo. Mas uma história que ficou marcada em minha memória é a de um garoto que leu o primeiro livro assim que ele foi lançado e queria tanto que tivesse uma sequência que escreveu uma cartinha ao Papai Noel pedindo ao autor que escrevesse um segundo livro. A mãe dele encontrou a cartinha e a enviou para mim; quando terminei o segundo livro, ele foi a primeira pessoa a receber uma cópia antecipada. Sua mãe me enviou um vídeo de sua reação. Nunca vou esquecer a expressão em seu rosto.

No início da série, temos a impressão de que Sophie e Agatha estão destinadas a escolas diferentes das que realmente frequentam. De onde surgiu essa ideia? Podemos encará-la como uma crítica a uma sociedade que ainda julga as pessoas pela aparência e pelo comportamento público?

SC: Um dia me veio à cabeça a imagem de duas garotas caindo nas escolas erradas – uma delas parecia uma princesa da Disney e a outra parecia uma bruxa de contos de fadas. A ESCOLA DO BEM E DO MAL é uma crítica aos contos de fadas simplistas que sugerem que o Bem sempre vence e que todos os contos sempre acabam no “felizes para sempre”. Ambos os conceitos não são verdadeiros. O Bem e o Mal são muito mais complexos e o objetivo da minha série é desvincular os contos de fadas das noções simplistas, reforçadas pela Disney, que passamos a associar a eles.

Que impacto você acha que seus livros têm sobre os jovens leitores? Qual é a sua opinião sobre os últimos lançamentos para jovens adultos?

SC: Só posso nutrir a esperança de que meus livros empoderem jovens leitores e os façam acreditar que têm o direito de mudar seu destino. A premissa dos contos de fadas existentes sugere que você precisa ser bonito e convencionalmente “bom” para encontrar um final feliz. Nada poderia estar mais distante da verdade. Meu objetivo é ajudar cada leitor a acreditar em sua própria voz e a perceber que ele é único e têm o poder de encontrar sua própria versão de um Final Feliz.

Hoje em dia, ouvimos muito que os smartphones estão distanciando os jovens adultos dos livros. Você acredita nisso? Que caminho você acha que os jovens leitores vão seguir daqui em diante?

SC: Boas ideias nascem do silêncio e de momentos consigo mesmo. É quando a imaginação se sente segura para lhe dar os melhores pensamentos. Os smartphones não estão distanciando os jovens adultos dos livros tanto quanto estão atrofiando a imaginação, fazendo com que os livros pareçam “trabalhosos” ou “muito difíceis” de entender. Mas os livros são o único instrumento que permitem que as crianças e os jovens descubram suas camadas internas, que lhes permitem cultivar um relacionamento pessoal e profundo consigo mesmos, relação esta que evolui continuamente. Passar muito tempo no Instagram faz a vida parecer menor e mais superficial. Livros são o antídoto.

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