5 lugares para visitar e encontrar Clarice Lispector

Teresa Montero - Publicado na categoria Resenhas & Trechos em 03/10/2018


Teresa Montero, autora de ‘O Rio de Clarice’, escolheu 5 lugares do Rio de Janeiro que eram adorados por Clarice Lispector. Adicionamos fotos dos lugares e trechos do livro para que você conheça a ligação da autora com os locais.
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jardim botânico rj

1)Jardim Botânico

O Jardim Botânico foi citado em seis de seus textos. No conto “Amor”, um clássico da literatura brasileira, a dona de casa Ana vive um momento de epifania nas aleias do Jardim. Distante da rotina doméstica, ela entra em contato com a natureza selvagem e experimenta um encontro consigo mesma. Em sua coluna no Jornal do Brasil, Clarice fez questão de registrar esses encontros com muita intensidade e magia. Em “O ato gratuito”, ela se permitiu um instante de liberdade ao interromper sua rotina diária e ir ao Jardim Botânico para entrar em contato com a natureza.
A crônica guarda muitas semelhanças com o conto “Amor”. Nas outras crônicas, o Jardim aparece em pequenos trechos, ora como um reino cheio de mistérios, ora em sua natureza exuberante, dando destaque para as vitórias-régias. As visitas de Clarice a este ponto turístico da cidade datam do final dos anos 1940 e se estendem até os anos 1970. Trata-se, portanto, de uma ligação de quase quarenta anos.

floresta da tijuca rj

2)Floresta da Tijuca

Os cinco anos em que morou na Tijuca deixaram marcas em seus textos, particularmente a natureza exuberante, um símbolo do bairro representado pela Floresta da Tijuca, cartão postal da cidade e cenário dos romances de José de Alencar. Amante da natureza, Clarice inseriu o casal Lóri e Ulisses, de Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969), no belo cenário da Floresta, cujas árvores descreveu como “enormes, encipoadas, cobertas de parasitas”.
Mesmo depois de ter fixado residência no Leme, os bairros adjacentes à Tijuca passaram a fazer parte de seus passeios na cidade.
Segundo Olga Borelli, Clarice ia especialmente a três lugares: o Parque Nacional da Tijuca, onde está localizada a Floresta da Tijuca, no Alto da Boa Vista; o Jardim Zoológico e a Feira de São Cristóvão (ou dos nordestinos), os dois últimos em São Cristóvão. À Floresta ia aos domingos quando o tempo estava nublado. Gostava de percorrê-la de carro no banco do carona observando tudo, e seu lugar preferido não é difícil adivinhar: o Açude da Solidão.

praia do leme

3) Praia do Leme

“De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara: solidão. Quase nenhum ruído. Só o das ondas do mar batendo na praia. E tomo café com gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio e rico. E o telefone mudo, sem aquele toque súbito que sobressalta. Depois vai amanhecendo. As nuvens clareando sob um sol às vezes pálido como uma lua, às vezes fogo puro. Vou ao terraço e sou talvez a primeira do dia a ver a espuma branca do mar. O mar é meu, o sol é meu, a Terra é minha. E sinto-me feliz por nada, por tudo. Até que, como o sol subindo, a casa vai acordando e há o reencontro com meus filhos sonolentos.”
(Clarice Lispector, “Insônia infeliz e feliz”)

largo do boticário

4)Largo do Boticário

Clarice ia ao Cosme Velho quase todos os domingos. O bairro abrigou Machado de Assis até os seus últimos dias. Manuel Bandeira, poeta que ela chegou a conhecer e a mostrar alguns versos, ali brincou em sua infância. Mas o que de fato a levava ao bairro foi revelado em uma crônica: “Quase todos os domingos vou conversar um pouco com Augusto Rodrigues”. O lugar era o largo do Boticário. Clarice ia ao largo acompanhada da amiga Olga Borelli, às vezes da bailarina Gilda Murray, ou mesmo das duas – daí se explica o surgimento do Espaço Dança, batizado por Augusto Rodrigues. O quarteto estava unido pelos mesmos laços. Até o filho de Clarice, Paulo, se recorda de ter ido uma vez ao largo em companhia da mãe.

parque lage

5) Parque Lage

Se não há registros dos lugares preferidos de Clarice no Jardim, fica patente sua admiração pelas vitórias-régias, citadas duas vezes. O lago Frei Leandro, berço desta flor, deve ter sido, também, um de seus lugares mais frequentados.
O fascínio pelo contato com a natureza se estende ainda ao Parque Lage, outro lugar de visitação, mas não registrado em textos.

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Os lugares e os trechos foram retirados do livro O Rio de Clarice.

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