Publicado na categoria Palavra da Editora em 04/03/2020
O Dia da Mulher é celebrado internacionalmente em 8 de março. Mais do que uma data comemorativa ou simbólica, este dia é um convite a refletir sobre o longo caminho já trilhado na luta das mulheres por direitos e sobre os desafios enfrentados por elas até hoje.
Para ajudar nesta reflexão, selecionamos 5 livros escritos por mulheres e que colocam em pauta essa discussão. Partindo de experiências e lugares sociais distintos, as autoras que apresentamos aqui examinam as relações de gênero e como elas são atravessadas por outras dimensões da vida, como raça e classe. Acompanhe:
Primeiro livro de Audre Lorde a ser publicado no Brasil, com tradução de Stephanie Borges, Irmã outsider foi lançado originalmente em 1984 e é uma das mais importantes obras para o desenvolvimento de teorias feministas contemporâneas.
Nos 15 ensaios reunidos nesta obra, coexistem as múltiplas facetas de Audre Lorde: mulher negra, poeta, lésbica e guerreira. Mãe e professora. Ativista e pensadora. Seu pensamento é profundamente enraizado na experiência de estar fora do que chamou de “norma mítica” – branca, heterossexual, magra.
O olhar da outsider, deslocado, estrangeiro, é capaz de análises certeiras sobre a necessidade de agirmos para transformar a sociedade e nos propõe caminhos possíveis: saber quem somos e nos definirmos por meio das nossas palavras; reconhecer nas alianças uma força contra as estruturas desumanizantes do racismo e do machismo; compreender o erótico como um poder.
Hoje considerada uma das mais importantes teóricas feministas, Virginia Woolf não podia deixar de figurar nesta lista. Três guinéus, o livro em que ela desenvolve o argumento de que existe uma estreita conexão entre patriarcado e militarismo, foi publicado, na Inglaterra e nos Estados Unidos, em 1938, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Nesse mesmo ano, a revista americana The Atlantic Monthly publicou, em duas partes, uma versão abreviada e reestruturada do livro. “As mulheres devem chorar” foi o título dado à primeira parte, enquanto o título da segunda o repetia, com um acréscimo: “As mulheres devem chorar… Ou se unir contra a guerra”.
A coletânea de mesmo nome, publicada pela Autêntica Editora em 2019, é centrada neste artigo e traz outros textos fundamentais da autora, como “Profissões para mulheres”, escrito em 1931, focado no tema da dificuldade de acesso das mulheres às profissões liberais, e o comovente ensaio “Pensamentos sobre paz durante um ataque aéreo”, publicado em outubro de 1940, em plena Segunda Guerra e cinco meses antes da morte da autora.
A tradução é por conta de Tomaz Tadeu e fecha o livro um posfácio de Guacira Lopes Louro, estudiosa de gênero e sexualidade.
Nesta obra, quinto volume da coleção Escritos de Marilena Chaui, a escritora e filósofa brasileira nos fazer entender não só o que é a violência, mas também como ela opera em diversas situações – muitas das quais pouco perceptíveis por nós.
Sobre a violência traz textos que tratam sobre suas formas mais óbvias, como a tortura, passando pelas violências de classe, racial e religiosa, incluindo reflexões sobre ética e direitos humanos. Nele, Marilena Chaui amplia a ideia de violência, mostrando que ela é mais do que apenas a violência física e a criminalidade, e apontando situações da vida brasileira em que violência e poder estão unidos.
Em 2012, quando uma jovem indiana morreu em decorrência de um estupro coletivo em Nova Déli e a nação se indignou, um artigo publicado trinta anos antes em uma revista feminina da Índia ganhou os holofotes. A coluna em questão fora escrita por Sohaila Abdulali, ela mesma sobrevivente de um estupro coletivo aos 17 anos, e era uma denúncia da indiferença com que a jovem havia se deparado ao buscar justiça pelo que fora feito a ela.
Do que estamos falando quando falamos de estupro, escrito por Sohaila (com tradução de Luis Reyes Gil) décadas depois de seu primeiro artigo inflamado sobre o tema, é resultado de seus anos de trabalho atendendo centenas de vítimas nos Estados Unidos, além de três décadas de trabalho intelectual feminista e de sua própria experiência.
Neste livro fundamental, ela encara algumas das questões mais espinhosas sobre o tema. Em entrevistas com sobreviventes do mundo todo, ouvimos emocionantes relatos sobre a força encontrada na adversidade, no humor e na sabedoria que contam, em conjunto, uma história maior sobre o significado do estupro e como a cura pode ser encontrada.
Uma conversa franca, aberta e desesperadamente necessária para entender a cultura do estupro e, mais do que isso, para pensarmos a própria maneira como falamos sobre estupro.
Este livro de Maggie Nelson, vencedor do National Book Critics Circle Award em 2015 e escolhido como um dos livros do ano pelo New York Times, é uma autobiografia que subverte o gênero. Uma obra de “autoteoria” que traz ideias atuais, destemidas e oportunas sobre desejo e identidade, sobre as limitações e as possibilidades do amor e da linguagem.
Seu tema central é um romance: o relacionamento da autora com o artista Harry Dodge. Ela narra a experiência de se apaixonar por Dodge, uma pessoa de gênero fluido, bem como o caminho percorrido até e durante sua gravidez. No rastro de intelectuais populares como Susan Sontag e Roland Barthes, a autora atrela sua experiência pessoal a uma análise rigorosa do que importantes teóricos disseram sobre sexualidade, gênero, casamento e educação infantil.
É claro que esta seleção está longe de esgotar todas as pautas levantadas no Dia Internacional da Mulher, mas acreditamos que sejam um bom ponto de partida para compreender a importância e as nuances desta data. E para te ajudar ainda mais, temos uma boa notícia: todos os livros sugeridos aqui estão com preço promocional. Até o dia 31/03, você pode adquirir estes títulos e outros com 20% de desconto. Acesse a página da promoção para conhecer a lista completa!
Tags: Argos, Coleção éFe, Maggie Nelson, Marilena Chauí, Sohaila Abdulali, virginia woolf, audre lorde, Dia Internacional da Mulher