Publicado na categoria Palavra da Editora em 22/08/2020
Desde a década de 1960, a semana entre 21 e 28 de agosto é reservada, no Brasil, a um tema muito importante: a deficiência intelectual. Incluída no calendário oficial do país em 2017, a Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla visa sensibilizar a população para a importância da inclusão dessas pessoas, bem como combater o preconceito e a discriminação.
Sabendo da força das narrativas e da literatura nessa tarefa, trouxemos hoje duas histórias sobre deficiência e diferença. Uma delas, já muito conhecida, é um poderoso relato autobiográfico que nos ensina novas lições a cada releitura. A outra, escrita por um autor estreante no Brasil, é um testemunho necessário sobre como deficiência não é sinônimo de limitação.
Boa leitura!
Neuerkerode é uma vila alemã gerida inteiramente por pessoas com algum tipo de deficiência intelectual. Elas administram o restaurante local, o bar, o supermercado – elas estão no comando. Para celebrar os 150 anos de sua fundação, a comunidade encomendou uma graphic novel a Mikael Ross. O resultado foi Aprendendo a cair, um retrato realista da vida cotidiana do lugar e uma obra que emociona e diverte, na mesma proporção.
Quando sua mãe tem um AVC, Noel é enviado para uma comunidade muito especial, e, pela primeira vez em sua vida, está sozinho. O mundo muda de forma repentina para esse jovem que sonha tocar guitarra e adora o AC/DC. Existem inúmeras coisas novas para ele aprender e pessoas para conhecer. Em quem ele pode confiar? Quem ele pode amar? Quem o ama de verdade?
Desenhada a lápis de cor em um traço cheio de personalidade, esta tocante história sobre descobertas, recomeços e diferença mostra com clareza como a visão estereotipada sobre pessoas com deficiência intelectual é tanto limitada quanto limitante.
“Não era você que eu esperava já se tornou um clássico, principalmente entre pais e familiares de pessoas com Síndrome de Down. Em sua estreia no mundo das graphic novels, o hoje aclamado Fabien Toulmé narra sua experiência ao descobrir a trissomia de sua filha mais nova, Julia.
Com impressionante sinceridade, Toulmé desnuda as dificuldades e os preconceitos que o assolaram ao receber o diagnóstico, bem como o medo que sentiu em relação ao futuro da filha. Enquanto sua esposa parece inabalada com a notícia, ele vai da fúria à rejeição, da aceitação ao amor, até perceber que a Julia que ele esperava foi sendo esquecida à medida que amava mais e mais a Julia que veio.
Não era você que eu esperava é um quadrinho marcante, que retrata, de maneira humilde e emocionante, o aprendizado e as recompensas de ser pai ou mãe de uma criança com Síndrome de Down.
O que ambas as histórias nos mostram, com bastante sensibilidade, é que muitos dos desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência são frutos não de suas limitações, mas sim do preconceito e da falta de conhecimento das outras pessoas sobre tudo aquilo que elas são capazes de realizar.
Para continuar lendo sobre o tema e se educando cada vez mais sobre o tema, acesse o site para ler um trecho de Não era você que eu esperava e assine nossa newsletter para ser avisado quando Aprendendo a cair estiver disponível!
Tags: Gutenberg, quadrinhos lgbt, inclusão, diferença, deficiência